segunda-feira, 17 de novembro de 2014

A ação que nasce do vazio




Existem ações, gestos, atitudes e pensamentos que nascem da nossa essência, da nossa interioridade, de forma espontânea: podem parecer sem sentido, porém, são perfeitos, porque permitem à nossa essência, à nossa natureza, emergir.

O indivíduo precisa aprender a curtir o “vazio, o nada”, esses espaços que existem dentro de nós. Saber que o melhor pode se manifestar deste instante específico. Quem sofre de insônia, de ansiedade, de pânico, pensa muito, pensa demais. Fica preso num rodamoinho e perde a possibilidade de escolher o que deve ou não fazer parte de seus pensamentos. Tem a sensação de que é incapaz de lidar com essa força involuntária 
que desencadeia sensações incômodas. Pensamento é energia e, como tal, podemos qualificá-los.

Em primeiro lugar, temos que nos colocar na posição de observadores

Observar já cria um distanciamento, a percepção de que não somos aqueles pensamentos. O segundo passo é sentir que existe um intervalo entre eles, um silêncio fértil que é nossa essência, lugar onde tudo “é”, simplesmente, sem precisar ficar se explicando. A partir daí podemos sentir o rodamoinho se desfazendo e tomamos consciência da falta de consistência de tudo o que os pensamentos estavam criando. Enfim, entendemos que não podemos deixar que uma energia mal qualificada invada o nosso espaço de paz.  “Isso não me pertence”, é uma chave mágica que abre, cada vez mais, as portas de nosso silêncio interior. É um processo simples, mas precisa de treinamento. Não temos o hábito de observar o que pensamos, não sabemos que podemos escolher o que pode ou não fazer parte da nossa vida nesse campo sutil. Precisamos aprender a substituir um pensamento que nos faz mal por um outro que nos dá prazer.

A cura se manifesta quando aprendemos a reciclá-los
“Isto é bom, isto é ruim, este eu quero que faça parte de mim, aquele não”. Temos que nos perguntar sempre: como me sinto com este tipo de pensamento? Feliz? Corajosa? Serena? Relaxada?  Se a resposta for sim, aceite-o. Caso contrário observe o rodamoinho se desfazendo ao dizer: este pensamento não me pertence, não permito que ele ocupe o meu espaço porque eu me amo, me respeito e mereço ser feliz!
Essa postura tem que se tornar um hábito. Você já reparou que temos uma tendência muito maior a entrarmos em sintonia com ondas de pensamentos incômodos? Vamos mudar nossa frequência, isso fará toda a diferença!

Leonard F. Verea é médico psiquiatra formado pela Faculdade de Medicina e Cirurgia de Milão, Itália. Especializado em Medicina Psicossomática e Hipnose Clínica; é membro de diversas entidades nacionais e internacionais. Contatos: verea@verea.com.br  www.verea.com.br 

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Cuidado com os remédios para dormir




Para quem passa as noites sem conseguir dormir, o relógio é cruel. Na arrastada luta contra a insônia, remédios calmantes surgem como armas rápidas e infalíveis para vencer o problema. Dados da Anvisa, mostram que os benzodiazepínicos, como são chamados tecnicamente, estão no topo da lista de remédios controlados mais vendidos no Brasil. E a comercialização cresce a cada ano, embora os efeitos colaterais e o risco de dependência sejam amplamente conhecidos. O consumo indiscriminado de indutores de sono, representa sérios riscos para a saúde, apesar do perigo, os remédios de efeito calmante são os mais vendidos por alguns laboratórios. Essas substâncias induzem um sono artificial e são indicados em casos clínicos específicos, por períodos determinados. Pacientes que fazem uso crônico geralmente desenvolvem tolerância e necessitam de doses cada vez maiores. Usados no tratamento de transtornos de ansiedade e epilepsia, essas medicações acabam agindo contra a insônia por terem influência sobre o sistema nervoso central, promovendo estado artificial de relaxamento. Essas drogas também produzem efeito sobre o centro de recompensa cerebral, desencadeando a liberação de substâncias que dão sensação de prazer. O mecanismo caracteriza um potencial gerador de dependência, que se torna maior com o uso crônico. A mudança de hábitos de vida é o que realmente vai fazer diferença (contra a insônia), mas requer esforço, disciplina e paciência. Os efeitos colaterais são o aumento do risco de quedas e acidentes, sedação excessiva e comprometimento da memória e das funções cognitivas. Boca seca e enjoos são outras prováveis consequências adversas. Pacientes que desenvolvem dependência são tratados com a descontinuação gradual do uso do remédio.